08 março, 2010

lost letters.

« mas por muita força que faça, ela passa por saber que te vivi. »
Escrevi-te todos os dias durante um ano. Cartas sempre com o mesmo sofrimento lá estampadas. Cartas enormes, demasiado pessoais. A nossa história fazia parte delas, todos os dias. O nosso amor era uma doce assombração que eu fazia questão de continuar cultivar.
As cartas já não cabem no meu quarto, agora são elas que me assombram cada vez que lá entro. Aquele é o meu canto, cheio de vestígios teus, e do passado que eu tento deixar onde está.
Hoje é o primeiro dia da minha vida em que estou a fazer um esforço para te odiar. Hoje tento ter coragem para rasgar os pequenos pedaços de ti que eu insistia em guardar.
Escrevia de tudo, para não me esquecer de nada. Lia e relia a mesma carta vezes sem conta, e quando dava por mim, no dia seguinte já sentia coisas diferentes. O meu amor por ti sofria constantes metamorfoses, e isso impedia-me de te esquecer. A minha teimosia por te amar, impedia-te de sair da minha vida. O meu amor por ti era imenso. Era a explicação para a maioria das atitudes que eu tomava, talvez fosse por isso que eu não sabia viver sem ele. Era parte de mim, daquilo que eu sou, e á medida que o tempo passava, esse amor foi-se tornando numa característica minha.
Hoje estou a odiar-te por me assombrares todos os dias. Nunca devias ter aparecido na minha vida, nunca devias ter deixado que eu te amasse assim, como se tivesse esgotado todas as minhas forças e todo o amor que eu tinha para dar com uma só pessoa: tu. Só tu. O meu mundo girava à tua volta. Tive que me convencer que tu não és o meu sol. E eu, que gostava tanto do conforto e do calor que tu me trazias.
Hoje, consegui ver o meu mundo longe de tudo o que era teu, e a única coisa que consigo sentir é um enorme vazio no meu peito. Eu odeio-te por isso. Pela primeira vez na minha vida, não me sinto confortável com a tua presença na minha vida.
Tão presente, tão ausente.

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